Sem categoria Fidel renuncia após 49 anos e abre caminho para irmão

Fidel renuncia após 49 anos e abre caminho para irmão

O líder cubano Fidel Castro renunciou à presidência após 49 anos no poder, em uma mensagem publicada nesta terça-feira (19) pela imprensa oficial, a cinco dias do Parlamento definir a nova cúpula do governo.

“Não aspirarei nem aceitarei – repito – não aspirarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-em-Chefe”, afirmou o líder ditatorial cubano na carta, assinada de próprio punho e com data de 18 de fevereiro às 17h30 locais (19h30 de Brasília).

Último líder histórico do comunismo, Fidel, de 81 anos, anunciou a renúncia após quase 19 meses de convalescença de uma grave doença – de origem intestinal -, que o levou a ceder o comando do país em caráter provisório ao irmão Raúl, ministro da Defesa de 76 anos.

Fidel anunciou a renúncia a cinco dias da sessão do Parlamento na qual deveria ser candidato à reeleição para um mandato presidencial de cinco anos.
Na noite de 31 de julho de 2006, Fidel Castro surpreendeu Cuba e o mundo com o anúncio de que cedia o poder ao irmão Raúl, em caráter provisório, depois de sofrer hemorragias.

Sem revelar até o momento qual doença o afeta, Fidel admitiu que esteve à beira da morte. Perdeu quase 20 quilos nos primeiros 34 dias de crise, passou por várias cirurgias e dependeu por muitos meses de cateteres.

 Caminho aberto

Com sua renúncia, deixa o caminho livre para Raúl ser eleito presidente do Conselho de Estado, sem que se descarte uma eventual surpresa como o vice-presidente Carlos Lage, de 56 anos, o que levaria ao poder uma nova geração.

“Felizmente nosso processo ainda conta com quadros da velha guarda, junto a outros que eram muito jovens quando se iniciou a primeira etapa da revolução”, destacou Fidel Castro.
“Contam com a autoridade e a experiência para garantir a substituição. Dispõe igualmente nosso processo da geração intermediária que aprendeu junto a nós os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução”, acrescentou.
Em dezembro de 2007, o comandante cubano havia expressado em uma mensagem escrita que não estava aferrado ao poder, nem obstruiria a passagem das novas gerações, mas em janeiro foi eleito deputado e ficou tecnicamente habilitado para uma reeleição no próximo domingo.
“Trairia (…) minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total que não estou em condições físicas de oferecer. Explico isto sem dramaticidade”, completou na carta de segunda-feira.
Desde março de 2007, afastado do cenário público, sendo visto apenas em vídeos e fotos, Fidel Castro se dedicava a escrever artigos para a imprensa sob o título de “Reflexões do Comandante-em-Chefe”.
“Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das idéias. Seguirei escrevendo sob o título ‘Reflexões do companheiro Fidel’. Será uma arma a mais do arsenal com a qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso”.

Fidel advertiu aos cubanos que “o caminho sempre será difícil e requererá o esforço inteligente de todos”. “Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis da apologética, ou a autoflagelação como antítese”.

“Preparar-se sempre para a pior das variantes. Ser tão prudentes no êxito como firmes na adversidade é um princípio que não pode ser esquecido. O adversário a derrotar é extremamente forte, mas o temos mantido na raia durante meio século”, expressou.

Na mensagem, o líder ditatorial destaca que nunca deixou de lembrar que seguia uma recuperação “não isenta de riscos”.

“Meu desejo sempre foi cumprir o dever até o último alento. É o que posso oferecer”, ressaltou.

Desde sua primeira operação em 27 de julho de 2006, o dirigente comunista luta contra a morte, abalado pela idade e uma saúde não muito forte.

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